30 de set. de 2007

Sombras de Goya

O filme retrata um período de cerca de quinze anos do início do século XIX, desde o radicalismo da Inquisição espanhola até a conquista do país pelas tropas de Napoleão e a posterior invasão britânica. Em meio às turbulências políticas e religiosas, o genial pintor Francisco de Goya serve de fio condutor da história. Primeiro quando uma de suas musas, a jovem Inés, é presa e torturada sob uma falsa acusação de heresia. O rígido Frei Lorenzo, também retratado pelo pintor, passa de algoz a perseguido. E Goya, observador atento de seu tempo, retrata em suas gravuras e quadros os horrores da guerra, a brutalidade da Inquisição e, principalmente, os fantasmas que o atormentam.

Um belo filme, ainda que salpicado de deficiências. Dois defeitos mais graves se sobressaem: em primeiro lugar, o título induz a um erro. A trama não é centrada na biografia e trajetória de Goya, ele é apenas uma espécie de narrador (ou testemunha) dos fatos. Em segundo, o roteiro abrange um período cheio de reviravoltas políticas que acabam sendo expostas no longa com uma rapidez que desnorteia o espectador e quebra bastante a narrativa. É como se os personagens fossem deixados de lado por um tempo para situar os inúmeros acontecimentos sociais e políticos.

Mas as falhas citadas acima não desmerecem o filme, dirigido com competência por Milos Forman e belamente interpretado pelo elenco – com destaque para Javier Bardem. Sombras de Goya também merece aplausos por familiarizar a platéia com algumas das grandes obras da época. Não apenas as de Goya, mas também as de outros pintores importantes como O Jardim das Delícias de Bosch e As Meninas de Velasquéz. E uma das melhores seqüências do filme mostra passo-a-passo o processo de confecção de uma gravura. Fascinante.

Sombras de Goya (Goya’s Ghost), de Milos Forman, EUA/Esp, 2006. 117’ (LP)

Mostra Panorama

Nota: 7,5

Ficha no Adoro Cinema

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