30 de jan. de 2008

O Gângster


American Gangster, título original de O Gângster, é significativo. Porque na Nova Iorque dos anos 70 ser gângster, ou seja, estar no topo de uma estrutura criminosa organizada, significava necessariamente ser italiano. E o diferencial deste filme para outros similares é justamente mostrar a ousadia da história real de Frank Lucas e sua incrível ascensão, de faz-tudo de um bandido de segundo escalão do Harlem a barão da heroína número um. Mérito tanto da esperteza de Lucas quanto da cegueira de seus perseguidores, que não conseguiam conceber que um negro do Harlem pudesse ter montado um esquema criminoso que superava em muito o modo como as famílias italianas vinham operando. Isso fica bem exemplificado pela reação do chefe do policial Richie quando ele lhe conta sobre Lucas e a heroína puríssima que ele trazia direto do Vietnã: “um negro não conseguiria o que os italianos não conseguiram em cem anos”.

Neste novo trabalho de Ridley Scott, Denzel Washington brilha no papel do bandido que ampliou o significado do termo gângster. Alternando a fina estampa e os modos educados com a selvageria necessária ao negócio, Denzel esbanja o seu habitual carisma em cada um dos aspectos da multifacetada personalidade do primeiro gângster genuinamente americano. Russell Crowe, que interpreta o policial honesto que o persegue incansavelmente ao longo do filme, parece pouco à vontade no papel de mocinho.

Tendo uma boa trama e um cineasta experiente e talentoso como Scott na direção, já era de se esperar que o resultado fosse um bom filme. Ainda assim, apesar de todos os seus pontos positivos, O Gângster acaba sendo mais um longa sobre o assunto. E não traz nada de tão novo assim ao gênero, mesmo com todas as particularidades da biografia de Frank Lucas. Claro que é um filme bem-feito e que agrada ao espectador, mas a impressão que tenho é a de que, daqui a um tempo, não reterei muito dele na memória.

E por último, mas não menos importante, agora que vi o filme posso dizer: a premiação do sindicato dos atores para Ruby Dee como melhor atriz coadjuvante é absurda. Cheira a protecionismo, homenagem, ou seja qual for o nome que se dá a isso. A atriz não é, nem de longe, páreo para Cate Blanchett. Vamos torcer para que o oba-oba não se repita no Oscar.

Homenagem Duvidosa

Ninguém me contou, eu vi. Na filial Passeio das Lojas Americanas havia a seguinte promoção: “compre três filmes com Heath Ledger e pague dois”. Pior do que o oportunismo em lucrar com a morte do ator, só mesmo a propraganda enganosa, já que estavam disponíveis apenas Os Irmãos Grimm e O Segredo de Brokeback Mountain. Ou seja, para aproveitar a “pechincha”, o consumidor teria que levar um DVD repetido. Inacreditável.

28 de jan. de 2008

SAGs

Mais uma premiação esquenta a corrida para o Oscar 2008. Acabaram de ser anunciados os vencedores do Screen Actors Guild (SAG), o prêmio do sindicato dos atores. Os melhores atores foram Daniel Day-Lewis e Javier Bardem, este último como coadjuvante. Dentre as atrizes, Julie Christie segue confirmando o favoritismo sobre a sensacional Marion Cotillard. A surpresa ficou por conta da categoria atriz coadjuvante: Ruby Dee (de O Gangster) derrotou a favorita Cate Blanchett. Já o prêmio principal, de melhor elenco (melhor filme, disfarçado), foi para Onde os Fracos Não Têm Vez.

26 de jan. de 2008

O Signo da Cidade


A astróloga Teca tem um programa de rádio noturno chamado O Signo da Cidade. Todas as noites, ela tem que lidar com os problemas de vários ouvintes solitários e desesperançados que telefonam em busca de uma solução para seus problemas. Tanto na rádio como nas consultas particulares em sua casa, as pessoas acabam transformando Teca numa espécie de terapeuta e confidente. Até que um acontecimento envolvendo um de seus clientes a leva a questionar até que ponto o que ela diz realmente interfere na vida das pessoas.

Embora Teca seja a personagem de ligação entre as várias tramas paralelas de O Signo da Cidade, a verdadeira protagonista do filme é a cidade de São Paulo. Isso fica evidente pela fotografia, pelas tomadas que não tentam esconder o lado feio e duro da metrópole, mas, por outro lado, buscam extrair certa poesia do concreto. Seguindo o estilo de filme-mosaico celebrizado por Robert Altman, o longa traça um painel do caldeirão de misturas da grande cidade. Tem de tudo um pouco: a mulher que quer se dar bem, o casal em crise, o transformista que sonha com o estrelato, os jovens desajustados, pai e filha com anos de mágoas a superar, desejo reprimido, acidentes, bala perdida, segredos, injustiças, romances que superam barreiras, alguns desfechos felizes, outros nem tanto. Os personagens, de uma forma ou outra, têm alguma ligação com Teca, embora as tramas não necessariamente estejam interligadas.

Os diálogos são naturais, transmitem verdade e fluem bem. Mesmo quando parece que a história tem uma mudança brusca demais, logo a seguir vem um diálogo ou situação que justifica o ocorrido. Um exemplo é a personagem Julia: sua transformação parece súbita demais, mas acaba se justificando por algo que ela diz. O único senão do roteiro é que em algumas passagens tem-se a impressão de que o excesso de personagens impede um maior aprofundamento nas suas histórias – que são todas bastante intensas. Nesse ponto, a competência de Bruna Lombardi como roteirista acabou por criar um impasse para ela mesma: se, por um lado, construiu tipos que cativam nosso interesse, por outro acabou não tendo espaço para se deter um pouco mais em cada uma das boas tramas que criou. Destaque para o núcleo envolvendo o pai de Teca e sua mãe adotiva. Aliás, a bela cena entre Juca de Oliveira e a enfermeira que atende seu último pedido merece aplausos por fugir dos padrões pré-estabelecidos.

A direção de Carlos Alberto Riccelli surpreende pela maturidade e segurança. Percebe-se um olhar carinhoso pelos personagens, por mais problemáticos que sejam. E essa atmosfera acaba fazendo com que o espectador também simpatize bastante com o longa. Confesso que não sabia bem o que esperar desse empreendimento familiar (o filho do casal, a cara do pai, também interpreta um dos papéis), mas Riccelli e Bruna provaram que sabiam o que estavam fazendo. O resultado é um trabalho elegante e sensível.

O Signo da Cidade está em cartaz em São Paulo desde ontem. Aqui no Rio, a previsão de estréia é para o dia 8 de fevereiro.

Ficha de O Signo da Cidade no Adoro Cinema

22 de jan. de 2008

Juno


Juno é uma história sensível e engraçada sobre crescimento pessoal e relacionamento amoroso. Juno McGuff é uma adolescente inteligente e cheia de opiniões que um belo dia comete o mais velho dos erros: transa sem proteção com o melhor amigo e engravida. A partir desse argumento simples, o filme acompanha as decisões e descobertas de Juno, que vão muito além do fato de ter ou não um bebê.

Um filme que encanta pela leveza e comove pela simplicidade com que trata do assunto, nunca derrapando no sentimentalismo barato. Assim como a própria protagonista, uma menina espirituosa com quem é muito difícil não simpatizar. Juno tem sempre um questionamento interessante sobre a vida e sobre seus próprios problemas. O que não quer dizer que ela seja um desses personagens irritantes que julgam saber tudo. Pelo contrário, ela faz altas burradas e leva quase o filme inteiro para perceber coisas que o espectador vê logo de cara. Mas a vida é assim: quem está de fora sempre vê com mais clareza do quem vivencia a situação. E o mais gostoso no filme é que todo esse processo de amadurecimento e descobertas é mostrado com naturalidade. Nesse aspecto, é preciso destacar a competência dos diálogos. Um exemplo é quando Juno chega em casa depois de presenciar um barraco entre um casal mais velho e o pai pergunta onde ela esteve, ao que ela responde, confusa: “Lidando com coisas muito acima da minha maturidade”. Esse é o tom do filme. Uma espécie de Woody Allen para adolescentes.

O diretor Jason Reitman vem trilhando um caminho pra lá de interessante. Depois do ótimo Obrigado por Fumar, demonstra versatilidade neste novo trabalho. Embora sejam filmes de propostas e temáticas totalmente diferentes, pode-se notar que ambos se destacam pela visão crítica e alta qualidade do roteiro. Reitman está tão seguro do que faz que, a certa altura, até induz o espectador a temer um desfecho piegas e convencional. Mas tudo não passa de mais uma provocação.

Juno já lucrou nos Estados Unidos dez vezes o seu orçamento, além de ter acabado de abiscoitar quatro belas indicações ao Oscar: melhor filme, atriz, direção e roteiro original. Ellen Page, que ficou conhecida como a adolescente vingativa de Menina Má.com, domina bem todas as nuances do papel e fez por merecer o reconhecimento à sua interpretação, assim como também são justas as três outras indicações. Por ser um filme singelo e de pequeno porte, dificilmente o longa converterá tais indicações em prêmios. Mas que já é uma bela carreira, isso ninguém pode negar.

Juno tem estréia prevista para o dia 1º de fevereiro, com pré-estréias a partir de 25 de janeiro.

Indicados ao Oscar

E foram anunciados os indicados ao Oscar. Na categoria filme estrangeiro, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias ficou de fora, numa seleção que também excluiu favoritos como A Era da Inocência e A Desconhecida. Nas principais, chama a atenção a merecida inclusão de Juno em quatro categorias e a injusta ausência de Tim Burton e Sweeney Todd nas indicações a melhor diretor e melhor filme. Outra surpresa, essa boa, é ver mais uma vez o indomável Michael Moore na categoria documentário com o ótimo SOS Saúde.

Confiram abaixo os indicados:

Melhor Filme

Conduta de Risco
Desejo e Reparação
Juno
Onde os Fracos Não Têm Vez
Sangue Negro

Melhor Ator

Daniel Day-Lewis (Sangue Negro)
George Clooney (Conduta de Risco)
Johnny Depp (Sweeney Todd)
Tommy Lee Jones (No Vale das Sombras)
Viggo Mortensen (Senhores do Crime)

Melhor Atriz

Cate Blanchett (Elizabeth: A Era de Ouro)
Ellen Page (Juno)
Julie Christie (Longe Dela)
Laura Linney (The Savages)
Marion Cotillard (Piaf - Um Hino ao Amor)

Melhor Ator Coadjuvante

Casey Affleck (O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford)
Hal Holbrook (Na Natureza Selvagem)
Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez)
Philip Seymour Hoffman (Jogo de Poder)
Tom Wilkinson (Conduta de Risco)

Melhor Atriz Coadjuvante

Amy Ryan (Medo da Verdade)
Cate Blanchett (I’m Not There)
Ruby Dee (O Gangster)
Saoirse Ronan (Desejo e Reparação)
Tilda Swinton (Conduta de Risco)

Melhor Diretor

Ethan Coen e Joel Coen (Onde os Fracos Não Têm Vez)
Jason Reitman (Juno)
Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta)
Paul Thomas Anderson (Sangue Negro)
Tony Gilroy (Conduta de Risco)

Melhor Roteiro Original

Conduta de Risco
Juno
Lars and the Real Girl
Ratatouille
The Savages

Melhor Roteiro Adaptado

Desejo e Reparação
O Escafandro e a Borboleta
Longe Dela
Onde os Fracos Não Têm Vez
Sangue Negro

Melhor Fotografia

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
Desejo e Reparação
O Escafandro e a Borboleta
Onde os Fracos Não Têm Vez
Sangue Negro

Melhor Montagem

O Escafandro e a Borboleta
Na Natureza Selvagem
Onde os Fracos Não Têm Vez
Sangue Negro

Melhor Direção de Arte

A Bússola de Ouro
Desejo e Reparação
O Gangster
Sangue Negro
Sweeney Todd

Melhor Figurino

Across the Universe
Desejo e Reparação
Elizabeth: A Era de Ouro
Piaf - Um Hino ao Amor
Sweeney Todd

Melhor Maquiagem

Norbit
Piaf - Um Hino ao Amor
Piratas do Caribe 3: No Fim do Mundo

Melhor Trilha Sonora

3:10 to Yuma
O Caçador de Pipas
Conduta de Risco
Desejo e Reparação
Ratatouille

Melhor Canção Original

August Rush (Raise It Up)
Encantada (Happy Working Song)
Encantada (So Close)
Encantada (That’s How You Know)
Once (Falling Slowly)

Melhor Som

3:10 to Yuma
Onde os Fracos Não Têm Vez
Ratatouille
O Ultimato Bourne
Transformers

Melhor Edição de Som

Onde os Fracos Não Têm Vez
Ratatouille
Sangue Negro
O Ultimato Bourne
Transformers

Melhores Efeitos Visuais

A Bússola de Ouro
Piratas do Caribe 3: No Fim do Mundo
Transformers

Melhor Animação

Persepolis
Ratatouille
Tá Dando Onda

Melhor Filme Estrangeiro

Die Fälscher (Áustria)
Beaufort (Israel)
Mongol (Cazaquistão)
Katyn (Polônia)
12 (Rússia)

Melhor Documentário (Longa-Metragem)

No End in Sight
Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience
SOS Saúde
Taxi to the Dark Side
War Dance

Melhor Documentário (Curta-Metragem)

Freeheld
La Corona
Salim Baba
Sari’s Mother

Melhor Curta de Animação

Même les Pigeons vont au Paradis
I Met the Walrus
Madame Tutli-Putli
Moya lyubov
Peter & the Wolf

Melhor Curta-Metragem de Ficção

Om Natten
Il Supplente
Le Mozart des Pickpockets
Tanghi Argentini
The Tonto Woman

Adeus, Heath Ledger

Tem certas notícias que a gente custa a acreditar, principalmente quando dizem respeito à morte de alguém jovem e aparentemente saudável. Assim foi quando ouvi que Heath Ledger havia morrido hoje à tarde. Ainda não se sabe ao certo se foi suicídio ou uma overdose acidental - a autópsia está marcada para amanhã -, apenas que o ator australiano de 28 anos foi encontrado em sua cama nu e rodeado de pílulas quando uma empregada foi avisá-lo da chegada de sua massagista.

Depois de obter em 2006 sua primeira indicação ao Oscar como o caubói homossexual de O Segredo de Brokeback Mountain, Ledger vinha se firmando cada vez mais como grande promessa de sua geração. E dois trabalhos seus ainda inéditos devem causar sensação: ele é uma das facetas de Bob Dylan no poético I’m Not There e também o célebre Coringa em O Cavaleiro das Trevas, novo longa do Batman. Pelo que pude ver no trailer, sua caracterização do personagem é menos farsesca e mais próxima da realidade. O que o torna bastante assustador. Ainda mais agora, sendo um filme póstumo.

Descanse em paz, Heath. Mas o cinema vai sentir sua falta.

16 de jan. de 2008

O Ano Mais Perto do Oscar

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias foi incluído na pré-lista do Oscar. Dos 61 longas indicados por seus países de origem, a Academia divulgou esta pré-lista com nove filmes. Destes, cinco serão escolhidos como concorrentes finais. Outra boa notícia é a ausência do favorito 4 meses, 3 semanas e 2 dias, o que aumenta consideravelmente as chances do Brasil. Mas nem tudo são flores para o cinema nacional, já que constam da pré-lista os novos longas do canadense Denys Arcand e do italiano Giuseppe Tornatore, diretores que já venceram nesta categoria por As Invasões Bárbaras (2004) e Cinema Paradiso (1990), respectivamente. Os indicados em todas as categorias serão anunciados no dia 22 deste mês e a cerimônia de entrega está prevista para 24 de fevereiro. Se a greve dos roteiristas deixar, é claro.

Confiram abaixo os filmes estrangeiros pré-selecionados:

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger (Brasil)
A Armadilha, de Srdan Golubovic (Sérvia)
Beaufort, de Joseph Cedar (Israel)
The Counterfeiters, de Stefan Ruzowitzky (Áustria)
A Desconhecida, de Giuseppe Tornatore (Itália)
12, de Nikita Mikhalkov (Rússia)
A Era da Inocência, de Denys Arcand (Canadá)
Katyn, de Andrzej Wajda (Polônia)
Mongol, de Sergei Bodrov (Cazaquistão)

14 de jan. de 2008

Will Smith no Rio

Esse negócio de mau humor nas manhãs de segunda-feira definitivamente não se aplica a Will Smith. Desde ontem no Rio para cumprir a última parada da gigantesca campanha de lançamento do seu novo filme, Eu Sou a Lenda, o astro americano esbanjou carisma e descontração na coletiva de imprensa realizada hoje no Copacabana Palace.

Já na sessão de fotos, Will, acompanhado do diretor Francis Lawrence e do roteirista Akiva Goldsman, tentava sorrir para todas as lentes ao mesmo tempo. Até que, cansado de estar no centro das atenções, puxou uma fotógrafa que estava mais à frente para que tirasse uma foto com ele. Resultado: todo os presentes saíram de lá levando uma foto de Will com a moça. Menos a própria.



A coletiva de imprensa durou cerca de quarenta minutos em que astro, diretor e roteirista responderam com simpatia a todas as perguntas feitas. Mesmo àquelas que não estavam diretamente ligadas à produção, como foi o caso da questão sobre a greve dos roteiristas:

“É engraçado porque eu estou numa greve contra mim mesmo”, diz Goldsman que, além de roteirista, é também produtor do longa. Já Will pediu o fim da greve e torceu para que o impasse seja logo solucionado por conta dos muitos que dependem disso para sustentar suas famílias.

A atriz brasileira Alice Braga, que está no elenco mas não pôde vir ao Brasil por estar rodando outra produção no exterior, também foi lembrada com entusiasmo por Will Smith, que não economizou elogios para a colega: “Quando a vi em Cidade de Deus, pensei ‘quero que ela esteja em todos os meus filmes’. Porque ela tem uma naturalidade que faz você acreditar em tudo que ela diz.”

Perguntado sobre uma possível incursão por detrás das câmeras, febre que anda contagiando os astros hollywoodianos, Smith foi taxativo ao dizer que não cogita em hipótese nenhuma ser diretor porque sabe o trabalho que dá dirigir uma cena, por mais simples que seja, e garantiu que seu foco é atuar mesmo. “Meu cérebro não dá pra isso”, completou, sempre brincalhão.



Esta é a segunda vez que Will Smith vem ao Brasil promover um filme. Ele já esteve aqui em 2005 para lançar Hitch – Conselheiro Amoroso. E de uma coisa ele se lembrava bem: da caipirinha, citada por ele como responsável sempre que fazia uma brincadeira mais abusada. À noite, a equipe estará no Odeon para a pré-estréia do longa e, de lá, segue para uma festa privativa. Onde certamente não faltarão caipirinhas.

Eu Sou a Lenda estréia nesta sexta, dia 18. Logo estará disponível no Adoro Cinema a matéria sobre o filme propriamente dito. Aguardem.

Globo de Ouro - Os Vencedores

Eis que foram anunciados ontem, numa coletiva de imprensa, os vencedores do Globo de Ouro 2008. Em 65 anos, é a primeira vez que isso acontece sem a grande festa. A premiação deste ano teve como principal característica a pulverização, ou seja, muitos filmes foram premiados e nenhum com mais de dois prêmios. Os grandes vencedores da noite foram Sweeney Todd (melhor filme musical/comédia e melhor ator para Johnny Depp) e Desejo e Reparação (melhor filme drama e melhor trilha sonora). Além deles, também conseguiram duas estatuetas Onde os Fracos Não Têm Vez (ator coadjuvante para Javier Bardem e roteiro) e O Escafandro e a Borboleta (diretor e filme estrangeiro).

A premiação, em geral, consagrou os favoritos, como Marion Cotillard (melhor atriz por Piaf - Um Hino ao Amor) e Cate Blanchett (melhor atriz coadjuvante por I’m Not There). Também coroou a carreira de dois grandes atores que até então acumulavam indicações e nunca obtinham a vitória: Johnny Depp e Javier Bardem. Foi realmente uma pena que o público não possa ter assistido ao vivo ao recebimento desses tão merecidos prêmios. A grande surpresa é o fato de Julian Schnabel ter sido eleito melhor diretor. OK. Provavelmente eu sou uma das únicas pessoas no mundo que não acha O Escafandro e a Borboleta a oitava maravilha, mas, deixando esse detalhe de lado, existe algo muito estranho no fato do melhor diretor vir de um filme que não é um dos doze concorrentes a melhor filme (sete na categoria drama e mais cinco na musical/comédia) e sim do melhor filme estrangeiro. E - heresia máxima - derrotando Tim Burton. Essa eu realmente não engoli.

Agora é aguardar os indicados ao Oscar e torcer para que, dessa vez, possamos assistir.

Clique aqui para conferir a lista completa dos vencedores do Globo de Ouro.

9 de jan. de 2008

O Suspeito


Herói, belo épico de artes marciais de Zhang Yimou, tem em sua abertura a seguinte afirmação: “Em qualquer guerra, há heróis nos dois lados”. Um pensamento reconfortante. Mas, como tudo no universo costuma ter seu oposto, também é verdadeiro o outro lado dessa mesma idéia, ou seja, de que os vilões também estão dos dois lados, mesmo quando um deles parece, a grosso modo, ser o “certo”. O Suspeito (novo filme do sul-africano Gavin Hood, vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro por Tsotsi) é um filme que exemplifica tal filosofia com brutal realismo.

Anwar El-Ibrahimi é um típico e pacato cidadão americano: apesar de egípcio de nascimento, imigrou aos 14 anos, estudou em universidade americana, possui green card, é casado com uma americana, tem dois filhos, mora numa bela casa com gramado e tem um bom e bem-remunerado emprego como engenheiro químico. Anwar é uma prova viva de que o imigrante pode dar certo na terra do Tio Sam. Até o dia em que, durante uma viagem de negócios à Africa, acontece um atentato cuja autoria é assumida por um grupo extremista egípcio. Um dos mortos é um agente da CIA e o fato, associado a alguns indícios pouco claros, fazem com que Anwar seja arrancado de seu vôo durante uma conexão e desapareça misteriosamente.

A questão central de O Suspeito não está na culpa ou inocência de Anwar e sim no absurdo da CIA poder simplesmente sumir com uma pessoa sem dar satisfações a ninguém. Como agravante, ainda há o fato de Anwar ser um mero suspeito. Está certo que o ocorrido não era pura paranóia, existiam alguns indícios contra ele - todos circunstanciais -, mas, ainda assim, existe uma coisa chamada direitos humanos, algo do qual o governo dos Estados Unidos adora se declarar cumpridor. E não nos esqueçamos de que se tratava de um residente, com toda sua vida sedimentada no país há mais de vinte anos, enfim, alguém que era mais americano do que propriamente egípcio.

O filme aborda o assunto de modo bastante inteligente, alternando o calvário de Anwar com a busca desesperada de sua esposa por notícias e também dando espaço a subtramas que enriquecem o panorama geral, como o conflito na família do oficial egípcio e as crises pessoais do agente vivido por Jake Gyllenhaal. Aliás, seu personagem atormentado e com ares bogartianos é uma das melhores coisas do filme. E ter um ator talentoso como Gyllenhaal interpretando-o só valoriza o filme.

O elenco é perfeito, com destaque especial para a participação de Meryl Streep como a toda-poderosa da CIA que ordena a extradição secreta de Anwar. A veemência e fanatismo de sua personagem - que realmente acredita estar fazendo a coisa certa - é assustadora, principalmente por isso ser mostrado com tanta verdade pela atriz. Ótima a discussão dela com o assessor de senador interpretado pelo também eficiente Peter Sarsgaard. Sua argumentação é a de que é preferível ser injusta com um indivíduo do que colocar a nação em risco e seu discurso é, em essência, bem parecido com o dos terroristas mostrados no filme. Não se pode deixar de notar também que este personagem de Meryl é o inverso do que ela interpretou em Leões e Cordeiros.

O filme é baseado em uma história real e, em vários aspectos, dialoga com Caminho para Guantánamo, de Michael Winterbottom. Existe, de fato, uma lei denominada Extreme Rendition, que permite que um suspeito de terrorismo seja retirado do território americano e levado para uma prisão secreta no exterior, onde ele pode ser interrogado por autoridades norte-americanas. Interrogado, é claro, não passa de um eufemismo para tortura ininterrupta. E as cenas que mostram isso assustam pela crueldade. E, diga-se de passagem, qualquer semelhança com a nossa ditadura militar não é mera coincidência. Acho sempre educativo quando um filme mostra a tortura como ela realmente é, já que talvez essa seja a única forma de conscientizar os cidadãos de que não existe nenhum tipo de justificativa para que ela ocorra.

O Suspeito estréia na próxima sexta, 11 de janeiro.

8 de jan. de 2008

Globo de Ouro Sem Noite de Gala

Agora é oficial: a festa de premiação do Globo de Ouro 2008 foi cancelada. No lugar da tradicional e concorrida festa, haverá apenas uma coletiva de imprensa para anunciar os vencedores.

A pergunta que não quer calar é: será que a greve acaba antes do Oscar?

5 de jan. de 2008

Globo de Ouro Ameaçado

Segundo a agência de notícias Reuters, o sindicato dos atores americanos (Screen Actors Guild) confirmou ontem seu apoio à greve dos roteiristas, o que significa dizer que seus membros irão se recusar a comparecer à cerimônia de entrega do Globo de Ouro, marcada para a noite de 13 de janeiro. Caso a situação perdure, já existem rumores de que a festa não seja realizada na data planejada. Mas, mesmo que os atores voltem atrás, a situação continua crítica, já que os roteiristas de Hollywood se negam a escrever o roteiro da festa. E fica difícil conceber uma noite toda na base do improviso. Seria uma bagunça.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...