22 de set. de 2007

Fabricando Discórdia

A trajetória de Michael Moore, passando por suas conquistas e pelas polêmicas em torno de seus filmes e atitudes.

Por mais que se critique Michael Moore, é inegável sua importância para a popularização dos documentários na última década. E um dos méritos de Fabricando Discórdia é não fechar os olhos para isto, buscando mostrar os contras do diretor mas também ressaltar suas conquistas. Isto já o torna diferente dos diversos filmes e programas lançados com a finalidade única de denegrir Moore, devido às posições que assume. O filme critica, mas não é fechado exclusivamente nisto.

Porém há um lado controverso nele. A diretora Debbie Melnyk é fã de Moore e não esconde isto. À medida que o filme transcorre e ela não consegue a entrevista com o diretor o próprio filme ganha um certo tom de rancor, como se tivesse sido desprezado. E isto surge em comentários até mesmo bobos, como “ele não gosta dos canadenses”, ou em situações em que se coloca de vítima quando ao mesmo tempo se esquece do que fez, como no caso da expulsão pelos crachás falsos. Não é algo que prejudique gravemente o filme, mas incomoda.

No mais é um bom relato da carreira de Michael Moore, desde seu início ainda como jornalista até a explosão com Fahrenheit 11 de Setembro e sua participação nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2004, dando mais atenção às polêmicas em que se envolveu. Destaque também para o debate em torno de uma questão que já é bem conhecida, a da edição dada por Moore em seus filmes. O diretor afirma que não importa a ordem cronológica dos fatos, desde que eles sejam verídicos, e que busca na edição dar um tom humorístico para mesclar o documentário com o entretenimento, de forma que tenha mais pessoas interessadas em assistir seus filmes. Alguns de seus detratores o acusam de manipulação, o que Moore até concorda, mas no sentido de apenas contar a sua verdade, deixando de lado o que atrapalhe a história que pretende contar. Acompanhando a questão, me veio em mente outra pergunta: existe um limite para documentários, em relação a formato?

A meu ver, não. A fórmula usada por Michael Moore é tão válida quanto a de documentários extremamente tradicionais mas, pela veemência com que prega suas idéias, Moore sempre é polêmico em seus trabalhos. O que gera tanta discussão e filmes como este Fabricando Discórdia.

Fabricando Discórdia (Manufacturing Dissent), de Rick Caine e Debbie Melnyk, Canadá, 2007, 97′ (LEP)

Mostra Panorama

Nota: 6,5

Ficha no Adoro Cinema

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