25 de set. de 2007

Satanás

Paola trabalha num açougue, até receber a proposta de dois homens para ajudá-los a aplicar o golpe “Boa Noite, Cinderela”. Ernesto é padre, mas sofre com as tentações da carne e por isso se pune fisicamente. Elizeo é um ex-para-médico e ex-militar que agora trabalha como professor de inglês e briga com todos à sua volta, com exceção de sua aluna e a família dela. O trio passa por situações adversas e se envolve no massacre de Pozzetto.

Logo de início há uma cena que até impressiona: um padre é chamado às pressas para a igreja, onde está uma mulher com as roupas encharcadas de sangue e um facão na mão. Ela diz que não tinha o que dar de comer aos filhos, então os libertou.

“Satanás” é assim, um filme pesado onde desde o início se sabe que os personagens principais passarão por maus bocados. A narrativa transcorre com as vidas dos três protagonistas sendo mostradas em paralelo, no melhor estilo consagrado por Robert Altman. Eles até se encontram, mas poucas vezes. A história melhor desenvolvida é a de Paola, que é concluída cerca de 20 minutos antes do término do filme. E é justamente no final que está um dos grandes problemas de “Satanás”. Repentinamente tudo muda e o filme se transforma num mar de sangue. A mudança é tão brusca que pega o público de surpresa, pela violência e sua constante repetição. Mesmo no ambiente duro o qual os personagens estavam inseridos, nada insinuava algo neste sentido. Ao término do filme, antes dos créditos finais, surge um texto que justifica o ocorrido. O tema do filme na verdade era o massacre de Pozzetto. Surge então a pergunta: se o objetivo era este, por que contar tanta história que nada tem a ver com o assunto? Fica a inevitável sensação de que o espectador foi, durante um bom tempo, enrolado.

Sobre a tal mulher da cena de abertura, ela vai para a prisão logo em seguida. E protagoniza uma das cenas mais bizarras deste Festival do Rio - e olha que já surgiram várias, Shortbus que o diga -, em sua última aparição. Na verdade a própria personagem é dispensável, já que tem pouquíssima influência na trama como um todo. Sua presença e esta cena final são outros pontos negativos do filme.

Satanás (idem), de Andrés Baiz, Colômbia/México, 2007, 100′ (LEP)

Mostra Première Latina

Nota: 3,5

Um comentário:

Pablo de Carvalho Faria disse...

Acabo de assistir a esse produto profundo de atuações corretíssimas num filme nada clichê.
Acredito que a cena da personagem citada tenha mais o efeito provocador do que propriamente papel no enredo; mesmo assim gostei muito.
Meu primeiro filme colombiano assistido, será que existem outros nesse nível?
Parabéns pelo blog!narderst

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