20 de set. de 2007

Sempre Bela

38 anos após os eventos de A Bela da Tarde, Henri Husson reencontra Séverine Serizy por acaso, numa ópera. Ele tenta falar com ela, que sempre tenta escapar. Henri apenas consegue convencê-la a se encontrar com ele após lhe prometer que revelará um segredo que ela há muito quer saber.

Pode parecer estranha a afirmação, mas Sempre Bela é um bom filme dispensável. Explico. Revisitar A Bela da Tarde tanto tempo depois é uma aposta arriscada, ainda mais com ligações tão tênues com o original - Catherine Deneuve se recusou a integrar o projeto, que conta apenas com Michel Piccoli. Manoel de Oliveira consegue driblar este risco simplesmente mantendo o original intacto. Como sequência, Sempre Bela é um filme descartável. Em absolutamente nada modifica o que aconteceu 38 anos antes, trata-se mais de uma curiosidade sobre como seria um reencontro dos personagens tanto tempo depois. Mas, curiosamente, trata-se de um bom filme.

É um bom filme pelo modo como a narrativa se desenrola, explorando a nostalgia em torno do filme original e o modo francês de ser. Há um charme, uma elegância em tudo o que acontece, que cativa quem assiste. Além disto Manoel de Oliveira consegue gerar uma certa ansiedade, primeiro lembrando o que aconteceu décadas antes e depois em torno do esperado reencontro entre Henri e Séverine. O jantar dos dois, mesmo quando nada é dito, transmite mensagens pela simples postura e modo de agir dos personagens. São detalhes como este que o tornam um bom filme. Dispensável como sequência, mas bom como cinema.

Sempre Bela (Belle Toujours), de Manoel de Oliveira, Portugal, 2006, 68′ (LP)

Mostra Panorama

Nota: 7,0

Ficha no Adoro Cinema

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