15 de out. de 2007

Revendo Mar Adentro

Assistir a O Escafandro e a Borboleta no Festival do Rio me fez ter vontade de rever Mar Adentro. Nem tanto por suas semelhanças - os personagens principais de ambos têm grandes limitações físicas -, mas principalmente pelas suas diferenças. Mar Adentro defende a morte, enquanto que O Escafandro… a vida. Analisar este contraste era meu interesse.

Para minha surpresa, Mar Adentro não defende a morte. Defende o direito à morte, o que é bem diferente. Este pequeno detalhe, o qual não lembrava de quando o havia visto pela 1ª e até então única vez, muda bastante seu sentido. E, de certa forma, o torna mais próximo a outro filme, Obrigado por Fumar, que também debate as liberdades de decisão que as pessoas possuem.

Ramón Sampedro, interpretado com maestria por Javier Bardem, quer morrer. Porém o filme não é sobre seu desejo, mas a necessidade que tem de receber ajuda para que possa morrer. Ramón é tetraplégico, apenas consegue mexer a cabeça. É inteiramente dependente de sua família, que cuida dele há 26 anos. Para ele isto não é vida mas, sozinho, não pode dar um fim à sua situação. Só que qualquer pessoa que o ajude pode ser acusada de assassinato.

A questão principal não é a defesa ou não da vida - que até é abordada no filme, sob vários aspectos -, mas sim o direito de cada um de fazer o que bem entender dela. Em determinado momento é levantada uma questão, muito interessante, de âmbito jurídico: “se uma pessoa fracassa ao tentar o suicídio ela não é condenada depois pelo que fez. Por que alguém que ajuda uma pessoa que quer se suicidar, mas não pode por limitações físicas, é condenada?”

Mar Adentro é um estudo sobre esta contradição. Trata-se de um filme que precisa ser visto sem pré-conceitos para que possa ser apreciado. Como Ramón volta e meia diz, “não quero que me julgue, mas que me entenda”.

Ficha de Mar Adentro no Adoro Cinema

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