Quando o diretor Fernando Trueba subiu no palco da cerimônia do Oscar de 1994, para receber a estatueta de melhor filme estrangeiro por “Sedução”, disse a seguinte frase:“Não acredito em Deus, mas acredito em Billy Wilder.”
Tratava-se de uma reverência a um dos maiores diretores da história. Poucos fizeram tantas pérolas quanto Billy Wilder: Quando Mais Quente Melhor, Crepúsculo dos Deuses, A Montanha dos Sete Abutres, Irma La Douce, O Pecado Mora ao Lado, Se Meu Apartamento Falasse, Testemunha de Acusação, Pacto de Sangue, Farrapo Humano… Em meio a tantos filmes consagrados um de seus trabalhos menores costuma ser esquecido: A Primeira Página. Mas não se enganem, é menor apenas por ser menos conhecido, pois segue o padrão Wilder de qualidade.
Wilder, além de grande diretor, era também um grande roteirista. Conseguia captar como ninguém as nuances de sua época, de forma a trabalhá-las na tela. Em A Primeira Página os temas são a falta de ética no jornalismo, através de um excepcional Walter Matthau, e a predileção ao trabalho em detrimento da vida pessoal, personificado pelo casal Jack Lemmon e Susan Sarandon. Dois temas atualíssimos e que ganham um charme extra por serem situados em uma época não tão corrida, na qual tudo era mais ingênuo e mais sujeito à malandragem. Época perfeita para que Matthau, interpretando Walter Burns, destile veneno e abuse das trapaças para atingir seus objetivos, passando por cima de todos à sua volta.
A Primeira Página é comédia à moda antiga: inteligente, sarcástica, sem qualquer apelação e muito divertida. Algo raro nos dias atuais, especialmente vindo de Hollywood.
Ficha de A Primeira Página no Adoro Cinema
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