6 de out. de 2007

A Era da Inocência

Jean-Marc Leblanc é um funcionário público de Quebec, que leva uma vida monótona. Casado e pai de duas filhas, ele é praticamente ignorado pelas mulheres de sua vida. Para compensar Jean-Marc sonha com situações em que ele é alguém importante, sendo sempre rodeado por belas mulheres.

Denys Arcand usa um humor fino para criticar os dias atuais, onde reina o politicamente correto e as pessoas buscam meios para levar uma vida mais excitante. Jean-Marc é daquelas pessoas que levam uma vida chatíssima e têm consciência disto. Sua válvula de escape são os sonhos, através dos quais pode realizar suas fantasias e ao menos amenizar suas frustrações. Estas sequências são bastante divertidas, pelo próprio inusitado que proporcionam e também pelo contraste com a vida real de Jean-Marc. Mas o melhor é o que ocorre em seu trabalho, onde o politicamente correto é confrontado com o absurdo de determinadas situações, quando este é levado mais a sério do que deveria.

A Era da Inocência funciona muito bem em sua 1ª metade, até que seu foco passa a ser não as pessoas que sonham com outra realidade mas que tentam recriá-la. Trata-se de uma crítica explícita aos adoradores da trilogia O Senhor dos Anéis, mais especificamente aqueles que se vestem como os personagens e criam locais como se estivessem na própria Terra Média. A crítica funciona ao ser apresentada, mas é estendida demais. A partir de então o filme começa a perder o tom de crítica, sua maior qualidade, e segue o caminho do próprio Jean-Marc, que passa a lidar mais com a realidade à sua volta. E torna-se bem mais desinteressante, culminando em um péssimo final.

A Era da Inocência (L’Âge des ténèbres), de Denys Arcand, Canadá, 2007, 104′ (LEP)

Mostra Panorama

Nota: 6,0

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