11 de out. de 2007

De Volta ao Circuito

Devido ao Festival do Rio abandonei por completo o circuito de cinema nas últimas semanas. Ontem comecei a cobrir estas lacunas, com dois filmes que estava com um certo pé atrás.

Nicolas Cage era a causa da minha desconfiança com O Vidente. Não o considero um ator ruim, mas sua atual fase é de causar calafrios. Sua última boa atuação foi em O Senhor das Armas, que já tem 2 anos. Aqui Cage está novamente no piloto automático, sem brilhar. Mas o problema do filme não é Cage, nem a policial durona e clichê de Julianne Moore ou Jessica Biel sendo Jessica Biel novamente - ok, ela é linda, mas péssima atriz. O problema é que O Vidente é um filme de ação, quando não precisava ser.

Os livros e estórias de Philip K. Dick sempre trazem questões interessantes sobre o futuro ou a percepção que temos dele. Aqui não é diferente, com Cris Johnson, o personagem de Cage, sendo capaz de prever até 2 minutos de seu próprio futuro. Lá pelas tantas a personagem de Jessica Biel, que ainda não sabe desta capacidade, comenta algo tipo “não gostaria de saber meu destino. qual é a graça da vida se ela não tiver surpresas?”.

Bingo! Eis a grande questão de O Vidente. A vida de Cris não tem surpresas, já que ele sempre sabe o que acontecerá - e muitas vezes manipula seu futuro, fazendo inúmeros testes até encontrar a alternativa cujo resultado mais lhe agrade. Trabalhar esta idéia, o conflito existente no personagem pelo fato de ter nascido com este dom ao invés de escolhê-lo, e até a questão ética das análises mentais que faz antes de enfim agir, seria interessante. Mas qual foi a resposta a este comentário? Nada.

Discutir, ou até mesmo levantar temas como este, não está nos planos de O Vidente. O que acontece com Cris é apenas uma desculpa para fazer mais um filme de ação convencional, com truques de roteiro e todos os aparatos explosivos que Hollywood bem sabe fazer. Deixou a sensação de material mal aproveitado, a mesma que tive ao assistir a Eu, Robô anos atrás.

Ficha de O Vidente no Adoro Cinema

Outro filme que estava desconfiado era Ligeiramente Grávidos. Por algo que está explícito em seus cartazes: “dos criadores de O Virgem de 40 Anos”. Sei que sou minoria, mas detesto O Virgem de 40 Anos. Considero um filme apelativo, exagerado e sem graça alguma. Mas não sou daqueles que devido a um filme ruim nada mais vê de um ator ou diretor, sempre dou uma nova chance. E lá fui assistir ao filme.

E não é que me surpreendi? Trata-se de um filme simpático, que mostra com competência as dificuldades de uma gravidez inesperada e indesejada. Duas pessoas completamente diferentes que tentam dar o melhor de si para resolver a situação. Às vezes acertam, às vezes erram, assim como é a vida de todo mundo. Peca por às vezes apelar para piadas escatológicas - como americano gosta de cenas deste tipo -, mas elas são minoria dentro do filme. Uma boa surpresa.

Ficha de Ligeiramente Grávidos no Adoro Cinema

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