Certos filmes envelhecem melhor do que outros. Enquanto alguns que você adora ao assistir perdem o encanto já na segunda conferida, outros se tornam cada vez mais fascinantes. Ontem revi (acho que pela terceira vez) Clube da Luta. Não é que eu tenha desgostado na primeira vez, mas foi tanto estardalhaço por conta do maluco paulista que entrou num cinema e abriu fogo contra os espectadores que isso acabou prejudicando uma análise mais objetiva do filme em si.
Clube da Luta, que eu considero o melhor filme de David Fincher, é uma das produções mais originais e subversivas de todos os tempos. Não apenas na trama, mas também em seu formato externo. O personagem Tyler, que tem o hábito de inserir imagens pornográficas em filmes “família”, faz suas inserções também no filme como se fosse uma pessoa real. E o que dizer da hilária advertência assinada por Tyler que aparece na tela logo após a lengalenga padrão do uso permitido do DVD?
Para quem não viu ou não se lembra, a história defende a tese de que a sociedade consumista leva as pessoas ao entorpecimento dos sentidos e, num estágio mais avançado, à loucura. Edward Norton interpreta Jack, um sujeito que vive para “ter coisas”. Seu passatempo preferido é fazer compras por telefone, adquirindo bens inúteis como quem toma drogas.
“Eu folheava os catálogos e me perguntava ‘que tipo de porcelana me define como pessoa?’.“
A insônia o atormenta e ele não sabe a razão de sua infelicidade constante. Até que passa a freqüentar grupos de auto-ajuda para moribundos e/ou desenganados e descobre que cercar-se de pessoas realmente infelizes lhe restitui a paz de espírito. Talvez passasse o resto da vida nesse novo vício se não conhecesse, numa viagem de trabalho, Tyler Durden. Descolado, sexy, rebelde, enfim, tudo que Jack gostaria de ser. Tyler lhe apresenta um novo prazer: lutar. Simples assim. Dois homens quebrando a cara um do outro. Não demora para surgir o Clube da Luta, uma instituição cuja primeira regra é “você não fala sobre ele”.
Se fosse apenas isso, já seria original. Mas a trama não fica por aí. Um clube como esse está fadado a reunir pessoas que estão no limite de sua paciência e, portanto, ansiosas para detonar as instituições. Rebeldia, sede de liberdade ou puro terrorismo? No desfecho, quando a verdade sobre os personagens é revelada, fica claro que a trama não é uma apologia do terrorismo. Mas, ainda assim, resta em nossas mentes a incômoda certeza de que a sociedade moderna produz seus próprios monstros. Como diz Jack ao patrão numa cena “um maluco pode sair por aí com uma arma semi-automática atirando nos colegas de trabalho. Pode ser alguém que você conhece há anos.”
Edward Norton, aliás, é a alma do filme. Apesar de sua ainda curta filmografia, iniciada em 1996, Norton é um dos atores mais versáteis e geniais de sua geração. Não foi à toa que já em seu primeiro filme, As Duas Faces de um Crime, ele foi indicado ao Oscar de melhor coadjuvante. Ed já foi skinhead (A Outra História Americana, que lhe rendeu a segunda indicação), policial federal (Dragão Vermelho), padre (Tenha Fé, sua estréia na direção), nerd apaixonado (Todos Dizem Eu Te Amo), ladrão (A Cartada Final e Uma Saída de Mestre), mágico (O Ilusionista) e até um rei medieval (Cruzada). Atualmente, ele tem filmado Hulk 2 numa favela aqui no Rio. E dizem que anda por aí sem guarda-costas. Em Clube da Luta, ele tem uma de suas melhores e menos elogiadas performances. Também Helena Bonham-Carter arrasa como a sexy e auto-destrutiva Marla Singer.
Creio que Clube da Luta foi um filme bastante injustiçado. A maioria das pessoas que o assistiram se detiveram na questão da porradaria e o consideram um similar das fitas do Van Damme. E o filme definitivamente não é sobre um grupo de caras sem camisa se batendo (embora essas cenas também sejam interessantes). É sobre várias coisas, mas não sobre isso. É sobre subversão, caos e sabonete, como diz seu slogan. E muito mais.
Clube da Luta, que eu considero o melhor filme de David Fincher, é uma das produções mais originais e subversivas de todos os tempos. Não apenas na trama, mas também em seu formato externo. O personagem Tyler, que tem o hábito de inserir imagens pornográficas em filmes “família”, faz suas inserções também no filme como se fosse uma pessoa real. E o que dizer da hilária advertência assinada por Tyler que aparece na tela logo após a lengalenga padrão do uso permitido do DVD?
Para quem não viu ou não se lembra, a história defende a tese de que a sociedade consumista leva as pessoas ao entorpecimento dos sentidos e, num estágio mais avançado, à loucura. Edward Norton interpreta Jack, um sujeito que vive para “ter coisas”. Seu passatempo preferido é fazer compras por telefone, adquirindo bens inúteis como quem toma drogas.
“Eu folheava os catálogos e me perguntava ‘que tipo de porcelana me define como pessoa?’.“
A insônia o atormenta e ele não sabe a razão de sua infelicidade constante. Até que passa a freqüentar grupos de auto-ajuda para moribundos e/ou desenganados e descobre que cercar-se de pessoas realmente infelizes lhe restitui a paz de espírito. Talvez passasse o resto da vida nesse novo vício se não conhecesse, numa viagem de trabalho, Tyler Durden. Descolado, sexy, rebelde, enfim, tudo que Jack gostaria de ser. Tyler lhe apresenta um novo prazer: lutar. Simples assim. Dois homens quebrando a cara um do outro. Não demora para surgir o Clube da Luta, uma instituição cuja primeira regra é “você não fala sobre ele”.
Se fosse apenas isso, já seria original. Mas a trama não fica por aí. Um clube como esse está fadado a reunir pessoas que estão no limite de sua paciência e, portanto, ansiosas para detonar as instituições. Rebeldia, sede de liberdade ou puro terrorismo? No desfecho, quando a verdade sobre os personagens é revelada, fica claro que a trama não é uma apologia do terrorismo. Mas, ainda assim, resta em nossas mentes a incômoda certeza de que a sociedade moderna produz seus próprios monstros. Como diz Jack ao patrão numa cena “um maluco pode sair por aí com uma arma semi-automática atirando nos colegas de trabalho. Pode ser alguém que você conhece há anos.”
Edward Norton, aliás, é a alma do filme. Apesar de sua ainda curta filmografia, iniciada em 1996, Norton é um dos atores mais versáteis e geniais de sua geração. Não foi à toa que já em seu primeiro filme, As Duas Faces de um Crime, ele foi indicado ao Oscar de melhor coadjuvante. Ed já foi skinhead (A Outra História Americana, que lhe rendeu a segunda indicação), policial federal (Dragão Vermelho), padre (Tenha Fé, sua estréia na direção), nerd apaixonado (Todos Dizem Eu Te Amo), ladrão (A Cartada Final e Uma Saída de Mestre), mágico (O Ilusionista) e até um rei medieval (Cruzada). Atualmente, ele tem filmado Hulk 2 numa favela aqui no Rio. E dizem que anda por aí sem guarda-costas. Em Clube da Luta, ele tem uma de suas melhores e menos elogiadas performances. Também Helena Bonham-Carter arrasa como a sexy e auto-destrutiva Marla Singer.
Creio que Clube da Luta foi um filme bastante injustiçado. A maioria das pessoas que o assistiram se detiveram na questão da porradaria e o consideram um similar das fitas do Van Damme. E o filme definitivamente não é sobre um grupo de caras sem camisa se batendo (embora essas cenas também sejam interessantes). É sobre várias coisas, mas não sobre isso. É sobre subversão, caos e sabonete, como diz seu slogan. E muito mais.
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