23 de nov. de 2007

A Noiva Perfeita


Homem e mulher que antipatizam um com o outro à primeira vista se unem contra a vontade e, com a convivência, se descobrem loucamente apaixonados. Quantas vezes já se viu uma história assim? Provavelmente, desde que os irmãos Lumière inventaram o cinema. Claro que é perfeitamente possível fazer um filme interessante partindo de um argumento manjadíssimo… Mas não é o que acontece em A Noiva Perfeita, que oscila entre os estereótipos e as situações simplesmente absurdas.

O arranjo, neste caso, é o seguinte: ela precisa de dinheiro e ele, de uma noiva para apresentar à família e se ver livre da pressão da mãe e das cinco irmãs para que se case e deixe de viver na Terra do Nunca. Já soa pouco plausível, não? É bom ressaltar que o sujeito em questão tem 43 anos e é um profissional bem-sucedido. Ou seja: bastaria dizer com todas as letras à família que não está interessado em se casar. Mas não. Ele prefere pagar a uma desconhecida para se fazer passar pela mulher da sua vida e depois abandoná-lo, deixando-o, assim, no papel de coitadinho perante a mãe e as irmãs.

Certamente que existem muitos homens imaturos e comandados pela família, mas tamanha dependência não combina com o modo como o personagem é apresentado. E os motivos da pressão da família tampouco são convincentes. Numa cena, uma das irmãs queixa-se de ter que lavar e passar a roupa dele. Não seria mais simples - e barato - pagar alguém para cuidar da roupa ao invés de engendrar um plano tão evidentemente fadado ao fracasso? Esse é o grande problema em A Noiva Perfeita: todas as decisões do personagem soam artificiais. Só um idiota completo raciocinaria como ele e o personagem não é caracterizado como um idiota em outras áreas da sua vida. A noiva de aluguel também é cheia de incoerências, sendo a mais esquisita delas a questão de estar precisando de dinheiro e insistir em adotar um bebê brasileiro (!). Mas não é tudo: ainda existem seqüências inteiras que chegam a ser constrangedoras de tão sem graça, com destaque especial para a cena em que eles se fantasiam de sado-masoquistas. Parece coisa do Repórter Vesgo.

Resumindo: trata-se de um filme que, logo no começo, já deixa evidente como se desenrolará. E não apenas segue o caminho da previsibilidade, como também falha em fazer isso com eficiência. O bom elenco, encabeçado pelos simpáticos Alain Chabat e Charlotte Gainsbourg, não consegue amenizar a sensação de tempo perdido.

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