12 de dez. de 2007

Um Amor Jovem


Adaptado e dirigido por Ethan Hawke a partir de seu próprio romance homônimo, Um Amor Jovem (The Hottest State, no original) acompanha os poucos altos e muitos baixos do primeiro amor de William. Tendo nas costas o trauma de ter sido afastado do pai que tanto adorava aos oito anos, devido à decisão da mãe de deixar o Texas e mudar-se para Nova Iorque, aos vinte anos William é um jovem carente e intenso. Ele se encanta pela confusa e instável Sarah e, em menos de uma semana, os dois já vivem juntos e estão totalmente envolvidos. Mas, como ele mesmo diz no início do longa, seu coração será partido antes que ele complete 21, já que sua amada alterna momentos de carinho e entrega com períodos cada vez mais constantes de indiferença.

O protagonista é uma figura que daria uma boa tragédia rodrigueana, caso essa história fosse escrita pelo nosso dramaturgo maior. William ama com tanta intensidade e busca com tanto empenho ser retribuído que acaba por assustar Sarah, fazendo com que ela se retraia com seu ardor. O mais interessante nisso tudo é que tem-se a nítida impressão de que Ethan Hawke fez mais do que levar para as telonas seu romance: levou muito de si próprio, numa curiosa terapia pública. Quem já viu entrevistas do ator (especialmente na época em que ele estava arrasado pelo fim de seu casamento com Uma Thurman) sabe que ele é bem parecido com o personagem. Aliás, Mark Webber (de Querida Wendy) chega até a lembrar fisicamente Hawke quando mais jovem. Quem tiver dúvidas, basta dar uma olhada no ator implorando o amor de Gwyneth Paltrow em Grandes Esperanças.

A história acompanha todas as fases do sofrido romance de William e Sarah, do encantamento à desilusão. Algumas vezes, cansa pelo excesso instabilidade da moça. Suas mudanças de atitude, além de bruscas, são praticamente diárias. Num momento, ela quer casar com ele; no outro, recebe-o de volta de uma viagem com uma frieza inexplicável. O roteiro até tenta explicar o porquê dela ser tão arisca, mas não se aprofunda muito. E quanto mais ela pisa, mais submisso ele se mostra. Está certo que existem relações assim, mas a seriedade com que tudo é mostrado faz o filme ficar engessado em alguns momentos. Igual a Tudo na Vida, de Woody Allen, tem uma trama parecida, porém temperada com humor. O engraçado é que em uma cena William acusa Sarah de não ter humor, o que ele (e o filme) tampouco possuem. Existem, ainda, cenas que escorregam na obviedade e pouco acrescentam à história. Um bom exemplo é quando William grita versos de Romeu e Julieta debaixo da janela de Sarah. Desnecessário.

Um Amor Jovem (péssimo título em português, por sinal) é um filme de ritmo pesado e tem alguns problemas de roteiro, mas pode-se creditar isso na conta de Ethan Hawke como meros tropeços de diretor pouco experiente. A seu favor, pode-se dizer que trata-se de um filme honesto, com bastante conteúdo e que, não raro, alcança seqüências realmente poéticas. Faltou apenas cuidar melhor do formato. Vale conferir e ficar de olho nos projetos futuros do ator/diretor/escritor. A curiosidade para os brasileiros fica com Sônia Braga interpretando a mãe de Catalina Sandino Moreno. Estréia sexta-feira.

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