19 de mar. de 2008

Um Amor de Tesouro


Meu primeiro impulso ao assistir a Um Amor de Tesouro foi fazer algum trocadilho infame com seu título original, Fool’s Gold (Ouro de Tolo). Mas isso não seria muito justo, afinal de contas o filme não pretende ser mais do que aparenta. E creiam-me: isso não é um elogio. O que temos é um misto de comédia romântica com aventura, repleto de situações absurdas e cujo roteiro é mais direcionado para mostrar seus protagonistas em belas tomadas do que propriamente fazer algum sentido. Todas as fichas são apostadas na boa química entre os astros Kate Hudson e Matthew McConaughey – um dia ainda aprendo a pronunciar o sobrenome dele. Não se pode negar que os dois funcionam em cena, mas até isso já foi explorado com mais habilidade em Como Perder um Homem em 10 Dias.

Matthew vive o personagem de sempre: um sujeito meio malandro e irresponsável, porém de bom coração. E que também não perde uma chance de aparecer com os músculos à mostra (faria o maior sucesso nas novelas de certo autor brasileiro). Eu me pergunto que tipo de papel o ator fará quando ficar mais velho. No filme, o personagem é um caçador de tesouros que, de tanto se meter em roubadas, encheu a paciência da ex-esposa e ex-sócia, que agora só quer uma vida sem sobressaltos. Mas é claro que o sarado aventureiro finalmente descobre uma pista de sua obsessão particular: um lendário galeão espanhol que teria afundado por ali repleto de tesouros há quase trezentos anos. Como não poderia deixar de ser, o casal, ainda apaixonado, se une novamente em torno do objetivo em comum e é perseguido por rivais nada escrupulosos.

O filme alterna previsibilidade e implausibilidade, compilando de uma só vez todos os clichês dos dois gêneros que tenta abarcar. O roteiro se dobra ao esquema de uma sorte quase mediúnica norteando as atitudes dos mocinhos e uma burrice congênita afetando todos os vilões. Uma cena logo no início exemplifica bem isso: um dos desafetos do protagonista manda matá-lo e seus capangas, apesar de armados, têm o maior trabalho para tentar afogar o cara ao invés de simplesmente dar-lhe um tiro. Além da estupidez dos homens maus, ainda tem a típica menina rica, fútil e burra como contraponto à descolada e esperta personagem de Kate Hudson - pelo menos dessa vez a loura é inteligente e a morena, burra.

Está achando que já viu isso antes? Viu sim, caro leitor. Muita coisa parecida em filmes melhores. Essa temporada pós Oscar é mesmo uma fase difícil para a sétima arte... Para quem estiver disposto a encarar, Um Amor de Tesouro (que péssimo, esse título!) tem pré-estréias a partir de hoje.

Um comentário:

Anônimo disse...

Matthew ja nao tinha feito esse filme antes? Ah nao, era Sahara o anterior... Rs.. A cada escolha acertada q ele faz, sao 10 erradas. Incrivel.

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