Woody Allen talvez seja o diretor mais regular em atividade. Não é exagero: ele dirigiu 41 filmes nos últimos 42 anos. E, mesmo com um já concluído que permanece inédito, "Vicky Cristina Barcelona", está rodando mais um longa-metragem em seu palco predileto: Nova York.
Com tanto trabalho é até natural que certos temas se repitam em sua filmografia. É comum ver seus tiques neuróticos, influenciados pela psicologia, especialmente quando o próprio Allen está em cena. O Sonho de Cassandra trata mais uma vez da questão moral de se cometer um crime, algo que o diretor já tratou em Crimes e Pecados e Ponto Final - Match Point. Mas não pense que Allen simplesmente está repetindo um velho tema para se manter na ativa. Apesar do assunto ser o mesmo, a abordagem e seus desdobramentos são bem diferentes. E, para quem acompanha sua carreira, este é um dos atrativos do filme.
A trama gira em torno dos irmãos Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell), que vivem com os pais e ainda buscam se acertar na vida. Repletos de sonhos, o maior deles é contar com a ajuda do constantemente citado e quase sempre distante tio Howard (Tom Wilkinson). A visita do tio é a chance ideal para que possam pedir ajuda - leia-se dinheiro -, essencial para que seus planos sigam em frente. Howard aceita ajudá-los, mas pede algo em troca: que cometam um assassinato. É o suficiente para que Allen se deleite, não só com as possibilidades do tema mas também pelo lado técnico.
Certas cenas, como a da conversa decisiva entre Howard e os sobrinhos, chamam a atenção também pelo tratamento dado pelo diretor. A câmera acompanha a história e, escondida entre as árvores, dá a impressão de que também ela trata o que ali acontece como algo escuso, proibido. O que realmente é, mas esta não é a grande preocupação de Allen. Seu foco principal não está no crime em si, mas na idéia de concebê-lo. Ou melhor, no quanto isto pode afetar alguém, desde a surpresa da proposta até uma maior divagação sobre seus prós e contras.
Sim, fica de certa forma óbvio pelas atitudes dos irmãos antes do encontro com o tio qual será a postura de cada um perante o fato. Isto não prejudica o filme, de forma alguma. O Sonho de Cassandra é um trabalho mais teórico, por assim dizer, que se importa mais com os conceitos de sua trama. Não há a preocupação em provocar reviravoltas gratuitas, como acontece com tantos suspenses que chegam aos cinemas a todo instante. Allen é coerente e este é um dos trunfos do filme. Notar, passo a passo, o que faz com que Ian e Terry tomem suas decisões e ver que eles são humanos, como eu e você.
Muito bom filme, dos melhores do diretor nos últimos anos. E ainda conta com um elenco afiado, com destaque para a naturalidade com que Ewan McGregor conduz seu personagem. Chega a ser covardia compará-lo com Colin Farrell, que até se esforça bastante e tem sua melhor atuação desde Tigerland, lançado já há 8 anos.
Confira a ficha de O Sonho de Cassandra no Adoro Cinema
Com tanto trabalho é até natural que certos temas se repitam em sua filmografia. É comum ver seus tiques neuróticos, influenciados pela psicologia, especialmente quando o próprio Allen está em cena. O Sonho de Cassandra trata mais uma vez da questão moral de se cometer um crime, algo que o diretor já tratou em Crimes e Pecados e Ponto Final - Match Point. Mas não pense que Allen simplesmente está repetindo um velho tema para se manter na ativa. Apesar do assunto ser o mesmo, a abordagem e seus desdobramentos são bem diferentes. E, para quem acompanha sua carreira, este é um dos atrativos do filme.
A trama gira em torno dos irmãos Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell), que vivem com os pais e ainda buscam se acertar na vida. Repletos de sonhos, o maior deles é contar com a ajuda do constantemente citado e quase sempre distante tio Howard (Tom Wilkinson). A visita do tio é a chance ideal para que possam pedir ajuda - leia-se dinheiro -, essencial para que seus planos sigam em frente. Howard aceita ajudá-los, mas pede algo em troca: que cometam um assassinato. É o suficiente para que Allen se deleite, não só com as possibilidades do tema mas também pelo lado técnico.
Certas cenas, como a da conversa decisiva entre Howard e os sobrinhos, chamam a atenção também pelo tratamento dado pelo diretor. A câmera acompanha a história e, escondida entre as árvores, dá a impressão de que também ela trata o que ali acontece como algo escuso, proibido. O que realmente é, mas esta não é a grande preocupação de Allen. Seu foco principal não está no crime em si, mas na idéia de concebê-lo. Ou melhor, no quanto isto pode afetar alguém, desde a surpresa da proposta até uma maior divagação sobre seus prós e contras.
Sim, fica de certa forma óbvio pelas atitudes dos irmãos antes do encontro com o tio qual será a postura de cada um perante o fato. Isto não prejudica o filme, de forma alguma. O Sonho de Cassandra é um trabalho mais teórico, por assim dizer, que se importa mais com os conceitos de sua trama. Não há a preocupação em provocar reviravoltas gratuitas, como acontece com tantos suspenses que chegam aos cinemas a todo instante. Allen é coerente e este é um dos trunfos do filme. Notar, passo a passo, o que faz com que Ian e Terry tomem suas decisões e ver que eles são humanos, como eu e você.
Muito bom filme, dos melhores do diretor nos últimos anos. E ainda conta com um elenco afiado, com destaque para a naturalidade com que Ewan McGregor conduz seu personagem. Chega a ser covardia compará-lo com Colin Farrell, que até se esforça bastante e tem sua melhor atuação desde Tigerland, lançado já há 8 anos.
Confira a ficha de O Sonho de Cassandra no Adoro Cinema
Um comentário:
O filme parece muito interessante. Ia assistir hj mas não seu, mas está definitivamente na lista de próximos a assistir. O elenco é forte e a história pelo visto é bem estruturada e original.
Bueno
http://longametragem.wordpress.com
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