M. Night Shyamalan é uma vítima de seu próprio sucesso. Consagrado com O Sexto Sentido, o diretor desde então tenta repetir a dose usando a mesma fórmula, ou pequenas variações dela. Seus filmes são marcados pelo tom de suspense psicológico, com elementos inusitados e uma reviravolta no final. O problema é que, de tanto usar estes conceitos, Shyamalan tem se tornado repetitivo. Não pelo tema abordado, mas pelo formato usado. O público já espera que seus filmes sejam assim, o que se por um lado auxilia na expectativa - ou não - gerada por outro faz com que o diretor torne-se prisioneiro de um estilo que ele mesmo criou.
O início de "Fim dos Tempos" é puro Shyamalan: misterioso, inusitado, estranho. Em um parque as pessoas simplesmente ficam paralisadas e, após reações anormais, começam a se matar. A causa deste evento é a mola-mestra da história, mas não é tão importante assim. Ela serve mais como desculpa - um tanto quanto esfarrapada, diga-se de passagem - para que o diretor trabalhe a questão da paranóia diante do desconhecido. Pois todos os presentes na trama não têm a menor idéia do que está acontecendo nem o que devem fazer. O desespero e a sensação de fazer algo, mesmo sem ter alguma lógica ou certeza de que dê certo, movem os personagens. Chega a ser algo até mesmo instintivo em determinados momentos, apesar dos envolvidos jamais chegarem a situações animalescas.
Shyamalan é habilidoso em criar ambientes envolvendo o desconhecido, mas recai em situações-clichê do suspense. Como os jovens que repentinamente ganham destaque ou a vilã que surge, já na metade final da história. Ainda assim não são exageros, apenas situações de certa forma antecipadas, que funcionam também devido à sua curta duração: apenas 91 minutos.
Além disto espera-se ao longo de todo o filme uma melhor explicação do que está acontecendo, algo que o diretor não oferece ao público. Uma situação que tem provocado reações indignadas e muitos protestos nas salas de cinema. Entendo a razão dos que reclamam, apesar de considerar aceitável o desfecho encontrado. Não é ele propriamente que me incomoda, mas certas situações criadas - dizer mais seria contar detalhes importantes do filme.
Como um todo, trata-se de um bom filme. Chama a atenção a exagerada censura de 16 anos por aqui, e R nos Estados Unidos, e o contraste da participação de M. Night Shyamalan na história em comparação com sua presença em A Dama na Água. Para quem não notá-lo em cena, atenção aos créditos finais.
Confira a ficha de Fim dos Tempos no Adoro Cinema
2 comentários:
Caros amigos do ADORO CINEMA, estava procurando alguma explicação para a existência deste filme que eu tive o desprazer de assistir no cinema. Graças a vcs, agora tive um conforto para minha indignação, já que eu estava achando que a minha inteligência não estava alcançando a "genialidade" do filme. Vi todos os filmes do diretor e, como vcs colocaram, já sabia que o esperar: Os sons altos e inusitados, as músicas de suspense que não levam a lugar nenhum... Ainda assim, ele conseguiu arrancar de mim reações de medo e horror e até um certo momento de reflexão: Seria uma crítica ao governo americano por não assinar o protocolo de Kyoto e violar outras tantas leis ambientais? E pq Paris? Enfim... Mas melhor que a "aparição" Hithcockiana do Sr. Night Shyamalan, foi o microfone boom. O boom apareceu tantas vezes que o público começou a reparar mais nisso do qq coisa... Será q isso só aconteceu na minha sessão? Será que era proposital? Duvido... Fica aí a dúvida... Por favor, cessem de vez a minha angústia!
Juliana, na sessão em que estava não notei o microfone. Às vezes o problema é da projeção mesmo, depende de cada caso.
Vejo mais como uma crítica geral aos humanos, pelos constantes ataques ao ambiente, do que propriamente ao governo americano. Acho inclusive que o uso de Paris reflete isso, para mostrar que não se trata de algo local.
Um filme que também aborda esta questão ambiental, na minha opinião de forma bem mais coerente, é "Wall-E".
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