É o maior golpe de vista
Uma das coisas mais comuns de acontecer no cinema, principamente nos dias de hoje, é pegar dois nomes conhecidos e colocar num filme. A fórmula, muitas vezes, dá certo e, diga-se de passagem, é uma estratégia válida. Não é crime recorrer a este artifício. Mas se a história é fraca e o roteiro mais ainda, a coisa vira caso de polícia.
Morgan Freeman (Batman - O Cavaleiro das Trevas) já conquistou seu espaço através de vários sucessos. Mas de uns anos para cá, o ator começa a dar sinais de que seu pé de meia está cheirando mais forte do que a carreira. Antonio Banderas (A Lenda do Zorro), por sua vez, foi sempre um expoente latino lançado por Pedro Almodóvar nos anos 80, mas não passou disso. Embora a mulherada ache o cara um gato, o que ele virou foi borralheiro de Melanie Griffith.
Jogo entre Ladrões começa com uma bela tomada do alto (picada) de uma piscina térmica com alguns banhistas. Para situar que o filme é de ação e criar aquele clima, o personagem Ripley (Freeman) aparece e executa um infeliz que se banhava. Na sequência, Jack (Banderas) pratica um assalto em um vagão do metrô em movimento, cheio de gente, e os policiais abrem fogo (hã?!?!) na direção do teto para pegar o meliante que fugiu para lá. Tudo para justificar aquela tensão clichê "quase leva tiro, quase cai lá de cima, quase bate com a cabeça" e quase enche a sua paciência porque, certamente, você já viu isso em outros filmes.
Mais a frente, os dois se encontram e Ripley faz uma oferta para Jack participar de um golpe milionário. Mas ele resiste, você agüenta um pouco de "nhénhénhém" entre eles, mas o negócio é fechado. Começa o tal “jogo” que dá nome ao filme. Para completar a obviedade, aparece uma mulher na jogada (Radha Mitchell, de Chamas da Vingança) para render umas cenas sensuais e o amante latino, veja você, mostrar seu derrière. Que bandeira!!
A dupla vai roubar jóias no valor de US$ 40 milhões de uma joalheria russa conhecida por ser improvável de entrar e impossível de sair. Mas a necessidade de fazer a trama andar para frente é tão presente que o roteiro acelera tudo. É quase um "MacMovie". E no planejamento, algo que a maioria gosta, se corre tanto que torna-se inverossímel. Como a cena em que dois executivos-chave da segurança não notam que estão com câmeras na lapela de seus ternos. Haja distração do personagem. E boa vontade do público. E Ripley burla até sistema de reconhecimento da voz de um russo. Talentoso, não?
Para concluir, Batman ficaria deprê ao confrontar seu cinto de utilidades com a mala da dupla, que tem de tudo. Parece o Urso do Cabelo Duro, criação de Hanna Barbera. Banderas repete as caras, bocas e olhares de sempre. A curiosidade fica por conta do seu personagem Jack que se diz cinéfilo e presta uma homenagem à Jules Dassin e seu clássico "Topkapi", também sobre ladrões de jóias.
Jogo entre Ladrões copia escancaradamente de John Woo aquela cena de personagens apontando a arma um para o outro. Tão manjada que chega a ser difícil acreditar que alguém ainda considere interessante. Parece que a diretora Mimi dormiu nessa hora.
Frases feitas do filme sobre ser ladrão: “Nasci para roubar.” ou “É minha profissão.” Sinistro...
2 comentários:
Caro Roberto. faço coro a sua crítica porque o repetitivo está deixando o cinema mais chato do que o habitual, esse ai se não desembarcou vai desebarcar nas locadoras em tempo recorde para não acabar nas lixeiras do produtor que terá que se ocupar com produções (tomara que melhores) futuras. sua crítica me ajudou e eu prometo sequer olhar a capa na locadora e se tivesse um conhecimento maior aconselharia o reponsável pela locadora a não comprar, em nome da qualidade que aliás está cada vez mais distante.
Um forte abraço.
Olá João, Obrigado por sua participação. Realmente, não dá para entender porque investir em roteiros ruins já que tem o dinheiro para produzir. Mas a história está cheia de exemplos assim. E no cinema nacional não é diferente, vide "Se Eu Fosse Você 2" que é fraco como o primeiro e fez mais sucesso ainda. Fique ligado! O Adoro Cinema vem com muitas novidades por aí! [ ]s, Roberto
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